Amanhã celebra-se o 36º aniversário do 25 de Abril de 1974. Para muitos de direita uma dor de cabeça, para os de esquerda um património nacional que invocam como seu.
Numa fase da vida nacional em que, e julgo não falar só por mim, a descrença na classe política, nacional e regional, atingiu o seu nível mais elevado teremos razões para festejar esta data tão importante das nossas vidas?
Mais do que celebrar o fim
da ditadura, esta revolução foi importante pois marcou o início de uma nova era. A partir de 74 muitos tabús e crenças foram postos em questão, as mentalidades começaram a mudar. Mas para mudar mentalidades tacanhas, o conformismo de um povo e uma classe política medíocres (tínhamos de tudo, desde fascistas agora neo-democratas, até comunistas habituados a uma vida de exílio e militância profunda, mas sem qualquer preparação para tomar pulso numa jovem democracia).
Hoje em dia ainda padecemos desse problema estrutural, temos uma classe política cada vez mais refém da sua clientela, ignorante e com práticas lesivas para a nossa democracia, economia. A nossa sociedade está deprimida, e os principais responsáveis são a classe política.
Por isto tudo amanhã, ao celebrarmos os 25 de Abril de 1974, temos que dar graças ao facto de nos podermos exprimir livremente (pomos à parte os casos do Jornal da Madeira, o caso do Telejornal de Sexta e tantas outras foto-novelas em que esta região e país são abundantes) e de termos as armas para lutar contra este estado caótico da nossa região e da nossa nação. Hoje, cada vez mais, o 25 de Abril de 1974 é importante porque deu-nos o direito de não nos calarmos!